De origem italiana, a família Nero instalou-se em Portugal nos finais do século XVII dedicando-se ao comércio de peixe seco e sal na Península de Setúbal.
Transcrevemos o historial da família no século XX, pelas palavras de José Nero, neto do iniciador da actividade da família na moderna indústria conserveira:
“ Paschoal, Nero & Cª , foi constituída em 15/6/1912 por Amadeu Henrique Nero, José Joaquim Paschoal, Artur Duarte Borges, Manuel Joaquim Caetano da Silva e Leandro da Silva Pereira. Iniciando-se nesse ano a laboração em Sesimbra.
Em 22/1/1917, com a saída do sócio José Joaquim Paschoal, a sociedade passa a denominar-se Borges, Nero & Cª. Os restantes sócios continuam a ser gerentes.
Em 17/8/1918, com a saída do sócio Artur Duarte Borges, a sociedade passa a denominar-se Nero & Cª.
Em 21/1/1928, com a saída dos sócios Manuel Joaquim Caetano da Silva e de Leandro da Silva Pereira, a sociedade passa ser detida a 100% por Amadeu Henrique Nero.
Em 19/5/1932 a Nero & Cª. é dissolvida por escritura notarial, tal como também por escritura notarial as cedências de quotas anteriores foram registadas.
Em 15/6/1932 é constituída a Nero & Cª. (Sucessor), Lda., por Amadeu Henrique Nero, Milton Albuquerque Freire da Cruz, Caetano Joaquim dos Reis e João Lobato Diniz. Na escritura de constituição desta sociedade, ficou estabelecido que os 3 sócios de Amadeu Henrique Nero, em caso de morte ou interdição de qualquer um deles, os seus herdeiros não ficavam na sociedade, no entanto teriam direito ao valor da respectiva posição, quota e lucros constantes no balanço, à data da morte ou interdição. Em caso de morte ou interdição de Amadeu Henrique Nero, os seus herdeiros ou descendentes ficariam na sociedade.
Quanto aos sócios de Amadeu Henrique todos eles foram largando a respectiva posição que detinham na sociedade; quando a fábrica foi transferida de Sesimbra para Matosinhos (11/11/1944), os únicos sócios eram o meu avô com 90% e o meu pai com 10%.
Em 2/7/1958, foi inaugurada a nova fábrica de Matosinhos, a primeira teve de ser demolida quando houve nessa época o alargamento do porto de Leixões.Após a morte do meu avô, o meu pai ficou com 98% e a minha avó com 2%.Em 1968, adquirimos a Fábrica Nacional de Conservas em Setúbal, mas em 1973 essa fábrica teve de ser vendida, pois o nosso principal mercado, a Síria, cortou relações comerciais e diplomáticas com Portugal por motivo do País manter a guerra colonial.
Em 1989, a família decidiu vender a fábrica de Matosinhos assim como a marca Porthos, que na altura era líder de mercado em Macau, Hong-Kong e Israel.
Em 1989, inicia-se a construção de raiz de uma pequena fábrica no Montijo, a Consersul-Sociedade de Conservas do Sul, Lda. (70% de José Nero e 30% da Conserveira de Lisboa, Lda). Iniciou a laboração em Setembro de 1992 e encerrou em Março de 1996. Foi a primeira fábrica portuguesa a obter o nºsanitário da Comunidade Europeia; empregava 30 pessoas e como estava instalada num terreno com 5.500m2, estava prevista a sua expansão para a produção de todo o tipo de conservas ( 2ª. fase) pois inicialmente na 1ª. fase só produzia anchovas e peixe fumado.
Durante este período, 1989 a 1996, em Portugal encerraram mais de 20 fábricas deste ramo.”
O final do século XX marca também o final de um longo período de declínio para as conservas portuguesas as quais, no alvorecer do século XXI, ganham novo alento graças à persistência e ao trabalho de muitos industriais que, com inteligência e inovação, retomam as grandes tradições, mas trazem também novas apresentações, novos peixes. Tal como no passado, a família Nero regressa à linha da frente. José Nero (o neto de Amadeu Nero), relança as marcas Georgette e Naval e regressa a Sesimbra com o peixe-espada-preto, criando igualmente outros produtos inovadores, como o atum com alecrim da Arrábida, ou o atum com tomate seco da Sicília (a lembrar a raiz mediterrânica da família). Bernardo Neto (bisneto de Amadeu Nero) relança a Açôr. A “dinastia conserveira” Nero tem assim a continuidade garantida!
[…] Sesimbra não constituiu excepção tendo chegado a laborar na vila 14 instalações fabris, sendo a Nero & Cª (Sucessores) Lda. uma das mais […]
[…] gráfico da embalagem inspira-se na imagem original, altura em que a marca era detida pela família Nero uma verdadeira dinastia na história conserveira Portuguesa e que iniciou o lançamento da Porthos […]